14/01/2019 mz4r
Nesta edição do City Tour viajamos para a Serra Catarinense, em especial para a cidade de Orleans, presente de casamento de D. Pedro II para a Princesa Isabel e o Conde D´Eu.
COMO CHEGAR
Partindo o aventureiro da capital do estado, Florianópolis, roda-se até a cidade de Tubarão (142km) pela BR-101, derivando daí pela SC-390 por mais 43 km, até Orleans.
Por sua vez, o gaúcho que partir de Porto Alegre tem como melhor opção a Freeway (BR-290) até a cidade de Osório, num percurso de 100km, seguindo então pela BR-101 por cerca de 170km, até as proximidades da cidade de Criciúma, já em Santa Catarina.
Daí em diante serão mais 50km até Orleans, ando o aventureiro a rodar pela Rod. Aristides Bolan, em direção de Criciúma, e depois pela SC-108 em direção de Cocal do Sul e Urussanga. Ao todo serão 325km de rodovias.
HISTÓRIA
Como dissemos no topo desta matéria, a região onde hoje está sediada a cidade de Orleans era parte da Colônia de 98 léguas, dada por D. Pedro II por ocasião do casamento de sua filha Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Gonzaga de Bourbon-Duas Sicílias e Bragança (Princesa Isabel), com o príncipe francês naturalizado brasileiro Gastão de Orleans (Conde D´Eu)
Nas terras outrora ofertadas como presente de casamento, que mais tarde ou a se chamar Colônia Grão Pará, hoje podemos avistar a existência de várias cidades independentes, que praticamente circundam o Parque Nacional da Serra de São Joaquim.
O nome da cidade foi em homenagem ao príncipe consorte de D. Isabel Cristina e foi colonizada, desde seus primeiros tempos, por italianos. Só mais tarde vieram os alemães, poloneses e de demais países europeus.
Elevada oficialmente como cidade em 1913, teve seu planejamento elaborado com grandes preocupações para as vias urbanas, antecipando-se em quase um século no tempo.
Suas ruas foram de todo o sempre largas e bem definidas, ando o tráfego de veículos até os dias atuais, lembrando-se que na época a construção e o uso do automóvel ainda não gerava grandes expectativas de consumo e congestionamentos.
O progresso, como sempre, sempre dá um salto maior quando as localidades incrementam meios eficazes para o escoamento da produção local, seja ela mineral, animal ou vegetal.
No caso de Orleans foi com a construção da Estrada de Ferro D. Thereza Chistina, que ligava o litoral catarinense com as minas de carvão de Lauro Muller, cidade vizinha de Orleans.
Evidentemente, a localização geográfica de Orleans, entre a Serra Catarinense e mar, fez dela um importante entreposto comercial para toda a região, progresso esse que se mantém até os dias atuais.
NOSSA VISITA
Orleans nos recebeu por dois dias consecutivos como base inicial para nosso Projeto pela Serra Catarinense, já que subiríamos pela Serra do Rio do Rastro e desceríamos pela Serra do Corvo Branco, fechando o círculo em volta do Parque Nacional da Serra de São Joaquim, inclusive com visita no Morro da Igreja e na Pedra Furada.
Chegamos em Orleans no finalzinho da tarde e a primeira coisa que fizemos foi localizar uma boa acomodação, de preferência no centro da cidade.
Procura daqui, pergunta dali e em pouco tempo estávamos devidamente acomodados no Hotel São Francisco, uma quadra atrás da Igreja da Matriz, na avenida principal.
Depois de um bom banho tomado, deixamos o hotel a pé naquela noite fria e fomos a procura de uma refeição noturna.
Como tínhamos boas referências, fomos a uma Pizzaria nas proximidades de Hospital Santa Otília, mas lá preferimos um lanche, ao invés de pizza: um super-mega-hiper X- filé mignon.
Para acompanhar a pedida foi mesmo uma taça de vinho nativo da região. Reconfortados, retornamos ao Hotel, mas não sem antes curtirmos o medonho frio da noite, perambulando na Praça da Matriz da cidade.
O motivo de não partirmos logo na manhã seguinte pelo “Rio do Rastro” era bem simples: Orleans tinha ainda muito à nos oferecer, e tivemos notícias de fortes chuvas na região do “Corvo Branco”, o que poderia fazer com que abortássemos essa segunda parte de nosso projeto, se ela fosse interditada.
Nosso segundo dia em Orleans amanheceu ensolarado, porém bastante gelado. Depois do reforçado café da manhã no Hotel fomos dar um “bom trato” na nossa fiel companheira de viagem: a Transalp, que nos aguardava na garagem.
Óleo na corrente, calibragem dos pneus e gasolina foram dispensados à nossa “guerreira”, para só depois irmos conhecer as famosas “esculturas nos paredões”, numa simpática ruazinha que margeia o Rio Tubarão.
ESCULTURAS DO PAREDÃO
O orleanense José Fernandes, pedreiro, pintor e escultor, só conhecido como “Zé Diabo”, é o artista maior da cidade e seu trabalho foi feito para todos, e não para poucos privilegiados.
Nos grandes paredões rochosos que costeiam o rio que atravessa toda a cidade, ele esculpiu nove painéis imensos com representações de agens bíblicas.
Com a qualidade do trabalho vislumbrado pela coletividade de Orleans, foi conseguido recursos governamentais para o custeamento total da obra e pagamento dos serviços realizados por Zé Diabo.
Por ironia do destino Zé conseguiu o apelido de “Diabo” num trabalho realizado numa igreja da região, quando esculpiu a figura do “canhoto” com tanta perfeição, que deixou a todos perplexos.
Infelizmente soubemos que Zé Diabo desencarnou pouco tempo depois que lá estivemos, já no auge de seus 87 anos de idade, sempre louvado pelos cidadãos de Orleans como um de seus mais ilustres moradores.
A CIDADE
Com uma população pequena, de menos de 25mil habitantes, Orleans tem uma estrutura urbana fascinante, com grandes prédios, avenidas e centros comerciais típicos de cidades muito maiores.
A não ser pelas extensões das ruas e avenidas, que “não vão longe”, parece que estamos numa cidade de grande porte.
Como curiosidade, apesar da cidade estar dentro da Serra de São Joaquim, um dos lugares mais frios do Brasil e com históricos de muitas geadas e até neve, Orleans é a cidade que regista a segunda maior temperatura no Brasil, com 44,6 graus centígrados, medida em 1963.
A agricultura e a pecuária ainda são os carros chefes da cidade, desde sua implantação com a orientação do Conde D`Eu. As plantações de milho, feijão, mandioca e cana de açúcar ainda persistem por lá.
A indústria e o comércio, embora de forma mais discreta, complementam a economia do município.
O turismo ainda é incipiente. Apesar de ter em suas terras grandes marcos naturais, como a Pedra Furada e boa Parte do Parque da Serra de São Joaquim, a entrada à essas maravilhas são feitas a partir de outras cidades, como Urubici, no caso da Pedra Furada.
Nessa tocada varamos o dia inteiro correndo de um lado para outro de Orleans, parando um tempo maior para conhecer um pouco mais da Igreja Matriz de Santa Otília, um templo de estilo gótico tardio (com ares de modernidade), com 52m de comprimento, 20m de largura, e 22m de altura, cuja construção iniciou-se em 1935.
Rodamos em direção de São Ludgero para conhecermos o museu a céu aberto, muito comentado, mas justamente naquele dia estava em manutenção, o que nos impediu a entrada.
Bom lembrar que o museu está sediado em área do Centro Universitário Barriga Verde (UNIBAVE), e constitui hoje um referencial da cultura orleanense e da região sul do estado, pela importância de seu acervo que na verdade resgata todas as fases da colonização.
UM EIO POR ORLEANS
DEIXANDO ORLEANS
Com toda a tralha preparada, e com a certeza de dias sem chuvas torrenciais pela frente, seguimos nosso destino na manhã seguinte, embora sem nenhuma pressa.
Por volta das 8h da manhã deixávamos definitivamente Orleans, com Destino a Serra do Rio do Rastro, não sem antes conhecermos um pouco de Lauro Muller, que fica a menos de 15km dali.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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