Tida como uma das localidades mais bonitas e charmosas do mundo, São Bartolomeu, encravada na Floresta Estadual do Uaimií, é o sétimo Distrito da cidade mineira de Ouro Preto que apresentamos neste Portal. 365l48
HISTÓRIA 1t6x4
Pelo que se sabe a fundação do lugar se deu antes mesmo da cidade de Ouro Preto, no último quarto do século 17, por integrantes de uma das bandeiras de Fernão Dias que buscavam as riquezas minerais naquelas plagas mineiras.
Com o ar do tempo, a baixa produtividade mineral, o incremento da mineração em Ouro Preto e necessidade de alimentar tanta gente que a fome já buscava, o lugar, assim como outros em suas adjacências, ou a se dedicar a produção de alimentos como fonte de renda.
Embora seja um dos mais próximos Distritos da então Vila Rica de Ouro Preto, não chegou ter em suas terras os extremos do vandalismo ocorrido com a desmedida busca do ouro, que gerava revolta dos nativos contra a Coroa Portuguesa, prisões, delações e mortes.
O DISTRITO
São Bartolomeu é bem pequeno, com uma população fixa que beira aos mil moradores e com poucas ruas tortuosas, que desafiam os altos e baixos da topografia íngreme do lugar.
O casario realmente é fantástico e também desafia os visitantes por estar em lugares estreitíssimos e de difícil o, no nosso caso piorado pela tempestade sob a qual estávamos.
Sim, nunca tomamos uma chuva tão intensa nas Minas Gerais, principalmente porque acabáramos de deixar para trás o Distrito de Glaura, que tinha tempo relativamente bom e prenunciava melhoras para o final do dia. Triste engano.
Mal entramos na bucólica estradinha que dá o ao Distrito e “o céu caiu”. O qualificativo “bucólica” foi por dedução, já que o trecho se apresentava formosamente pavimentado com pedrinhas e sarjetas laterais, que poderiam render muitas imagens se…. pudéssemos parar sob a tempestade para observa-la melhor. No trajeto, apenas um único veículo cruzou conosco.
Embora ainda cedo para o fim do dia, pois mal ávamos das dezesseis horas, o negrume do firmamento, somado as rajadas de vento e a chuva forte, impediam-nos de ver com exatidão, obrigando-nos ao uso dos faróis extras para avançarmos ao nosso destino.
Em pouco tempo, que parecia uma eternidade, divisamos a entrada do Distrito e apostamos na rua que seguia em frente para chegarmos em seu núcleo central.
A água corria solta pelas manilhas das propriedades, mas fomos subindo mesmo assim pela Rua dos Extrapichos, quando emborcamos num labirinto da Rua do Espírito Santo, até chegarmos na rua principal.
Nenhuma alma em sã consciência se aventurava por aquelas ruas desertas, assim como nenhuma porta ou janela mantinha-se aberta naquela hora, o que nos permitiu a primazia de rodarmos absolutamente a sós.
Mal conseguíamos ver ao nosso redor, mas era possível perceber que a arquitetura predominante era típica dos idos anos 1700 e bem preservadas, sabendo-se que o patrimônio histórico mineiro as tem como raridades, principalmente as casas de pau-a-pique, sistema não mais utilizado e dificilmente encontrado em boas condições.
Desta feita falhou nosso “GPM” (Guie-se Pelo Mineiro), já que não tivemos a quem perguntar sobre os pontos de interesse e de como chegar à eles, restando-nos seguir em frente com o faro e a sorte.
Como o lugar dispunha de aproximadamente dez ruas ao todo, não foi difícil percorrer todas elas e perceber na parte mais alta, a Igreja das Mercês, para a qual nos dirigimos como que maquinalmente.
Com a ideia em mente subimos morro acima sem muita certeza do que encontraríamos e de como ar o templo. Mas, depois de uns contornos estreitos chegamos ao adro da Igreja e estacionamos em frente ao cruzeiro.
Como que por encanto a chuva parou nesse instante e nos permitiu descer do veículo para colhermos algumas fotos. Sim, somente algumas, pois a trégua foi curta.
Sem alguém para nos recepcionar e vendo o dia escurecer mais rápido que o normal, prenunciando a piora do tempo (se é que seria possível), optamos por deixar o Distrito para voltarmos em outra oportunidade.
RODANDO EMBAIXO DE CHUVA EM SÃO BARTOLOMEU
IGREJA DA MATRIZ
Embora não tenhamos a visitado, tomamos a liberdade de pesquisar um pouco sobre a igreja Matriz de São Bartolomeu e soubemos que foi erguida na metade do século 18, no estilo nacional Português, e se mantém quase intacta desde esse tempo, com pouquíssimas alterações.
Outra peculiaridade que pudemos saber é que o sino da igreja não emite qualquer som quando ele é tocado, já que foi feito em madeira. Mas calma lá, tudo tem uma explicação, ainda para um sino de madeira com badalo de prata.
Como o sino original foi roubado e pela dificuldade de se encomendar outro em curto espaço de tempo naquela época, optaram por fazerem um sino de madeira para ficar ali provisoriamente, até que um sino de verdade chegasse.
O resto da história nem precisa ser aqui contada: o provisório foi ficando, foi ficando, foi ficando e….. ficou.
Hoje o sino de pau é a atração maior do Distrito e nos causou bastante tristeza não termos podido contempla-lo.
IGREJA DAS MERCÊS
A igreja fica na parte alta do perímetro urbano e dela temos uma visão privilegiada de São Bartolomeu.
O templo é bem mais moderno e foi construído no ano de 1908. Embora não seja a igreja matriz do lugar, tem bastante correlação com seus moradores, que muitas vezes preferem subir a colina para as missas tradicionais.
Mesmo com uma construção mais recente, a igreja ou por uma grande reforma na década de 1980, logo depois de seu teto ter desabado.
GOIABADA
Cada povo e cada terra tem seus costumes e seus mitos. São Bartolomeu não iria deixar ar em branco essa oportunidade e se credita como a “inventora” da goiabada cascão, não sem inúmeras controvérsias a respeito, é claro.
Seja como for uma coisa é verdadeira: A goiabada cascão é o doce mais tradicional de São Bartolomeu e para incrementar dados à sua origem, os artesãos locais entabularam mil e uma teorias de como teria sido inventado.
Outra coisa também é certa: o habitual era se fazer doce com marmelo (marmelada), porém, o difícil cultivo do marmelo na região, ao contrário da goiaba que nasce por todo lado, foi a opção mais lógica.
Assim, não é difícil de entender o motivo da goiabada fazer tanto sucesso por lá e até nos fazer lembrar a música do Sítio do Pica-Pau Amarelo “… goiabada de marmelo, o sol nascente é tão belo….”
Nesta viagem nenhum doce, nenhum artesanato, nenhum lanche ou suco e quase nenhuma imagem foi o que pudemos trazer de lá para apresentar, mas com certeza teremos outras oportunidades para contornarmos esse problema.
FLORESTA ESTATUAL UAIMIÍ
É o ponto alto do turismo em São Bartolomeu, abrigando bom trecho remanescente da Mata Atlântica e com quatro mil hectares de área para quem puder se aventurar.
Trilhas, cachoeiras, grutas, cavernas, picos, escarpas, natureza, fauna, flora estão a um dedo do visitante aventureiro ou para deleite familiar em lugar exuberante.
As principais quedas d´água são: A cachoeira do Açude, do Pau, de Braz Gomes e outras, algumas formando piscinas naturais de águas cristalinas e a maioria com indicação de utilização fácil.
O nome da Floresta “UAIMIÍ” é de origem indígena e era a forma que eles designavam o Rio das Velhas, que a pela localidade.
Para os visitantes é bom saber que há estacionamento e infraestrutura de apoio, que podem ser conferidas AQUI
COMO CHEGAR
O visitante que partir da cidade de Ouro Preto terá duas possibilidades distintas para chegar até São Bartolomeu, dependendo do seu espirito aventureiro:
O primeiro é pegando a BR-356, até o Distrito de Cachoeira do Campo, e de lá seguir à direita pela Rua do Tombadouro até encontrar a estradinha bucólica que falamos nesta matéria e pela qual chegamos até o Distrito, num percurso total de aproximadamente 39 km.
O segundo é pegando a BR-356 até o trevo da Estação Ecológica de Tripuí, num percurso de 7,5 km, e seguir a direita pela estradinha de terra até São Bartolomeu, cruzando a Trilha Imperial e outras trilhas da região, num percurso total de 20 km.
Já para aquele que partir de Belo Horizonte o percurso total será de 93 km, com início do percurso pela BR-356, até o Distrito de Cachoeira do Campo, seguindo então a esquerda conforme descrito anteriormente para a primeira opção.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte– MTB 77539/SP
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