A Estrada da Graciosa, como é comumente conhecida, é o trecho da PR-410 que liga Quatro Barras com as cidades de Antonina e Morretes, todas no Paraná. Entretanto, a história e o percurso original da “Graciosa” vão além, como apresentaremos nesta matéria especial. 4zz2n
O QUE É
Rota de tropeiros no ado, cruzava a mata ligando a atual região metropolitana de Curitiba até o litoral paranaense, em especial aos portos de Antonina e Paranaguá.
Foi no início dos anos 1700 que surgiram os primeiros indícios de uma “trilha”, que por sua beleza foi batizada por “graciosa”, e que acabou originando um caminho regular no ano de 1873, com a criação da Província do Paraná.
Até há pouco tempo permaneceu como importante rota no escoamento da produção agrícola aos portos do litoral, missão hoje delegada principalmente para a moderna rodovia BR-277, que liga Curitiba ao Porto de Paranaguá.
TRECHO ORIGINAL
O trecho original da Estrada da Graciosa tem início nas imediações do entroncamento da BR-476 (Av. Linha Verde) com o trecho oficial da BR-116, na altura do Bairro Atuba, em Curitiba, e segue seus primeiros vinte quilômetros paralelamente com a BR-116, até cruza-la novamente com o Contorno Leste de Curitiba, nas imediações do Jardim Pinheiros, já em Quatro Barras.
Nesse primeiro trecho o percurso é todo feito em áreas urbanas das cidades de Curitiba, Campina Grande do Sul e Quatro Barras, e designadas por vários nomes cedidos pelas localidades que cruza.
A partir desse ponto, caracterizado como km 73 da Regis Bittencourt, é que vamos ter a Estrada da Graciosa realmente como uma “estrada”, e foi a partir desse ponto que começamos nossa aventura pela “Graciosa Original”.
O trecho total da Estrada da Graciosa, como foi concebida no ado, é de cerca de 70km e, levando em conta que no princípio tinha como destino duas cidades distintas, pode haver alguma diferença nessa estimativa.
Já o trecho usual dos dias atuais, partindo do “Portal da Graciosa” junto aos kms 58/59 da BR/116, até seu término na confluência com a PR-408, que liga Antonina a Morretes, é de pouco menos de 30km.
NOSSO ROTEIRO
Partimos da capital paulista numa madrugada que prenunciava chuva e, nas primeiras horas de luz natural, já estávamos a postos no Portal da Graciosa para darmos início ao nosso projeto pela rota original da Graciosa.
Como sempre ocorre, mesmo num dia de semana comum muita gente se fazia presente no bonito pórtico de entrada de uma das estradas mais lindas do mundo.
Foi lá que tomamos as primeiras impressões de nosso projeto e também de lá rumamos imediatamente em direção de Curitiba, para darmos início ao nosso intento.
INICIANDO O PERCURSO
A postos na rotatória do km 73, em área de Quatro Barras, seguimos pela “estradinha sinuosa” que alternava seu piso entre paralelepípedos e asfalto, bem como ostentava graciosa ciclovia nos primeiros kms, rumo ao nosso objetivo daquele dia: Guaraqueçaba.
Esse primeiro trecho da estrada é denominado pela municipalidade de Quatro Barras como Av. Dom Pedro II, em homenagem pela agem do imperador pela localidade, em 1880.
Nossa primeira parada foi a poucos quilômetros, em frente da Igreja de Bom Jesus da Campininha, um lugar bastante aprazível que, pela sua estrutura, sugere grande fluxo de fiéis em determinadas épocas do ano.
Por sua vez o bairro da Campinha, longe do centro da cidade e onde está a igreja, é provido de boa infraestrutura, contando até com uma bem montada Unidade Básica de Saúde, nas proximidades de uma bonita Escola Pública.
Cerca de oito quilômetros do início de nossa jornada, e ainda em terras de Quatro Barras, viemos a encontrar outra curiosidade: uma “graciosa” pontinha de arco na “Graciosa” (perdão pelo trocadilho).
A diminuta estrutura de concreto armado cruza o córrego da Graciosa e está inserida na Reserva Ambiental Serelepe, que dispõe de um Borboletário e promove educação ambiental ao ar livre. A visitação deve ser agendada pelo site.
Mal rodamos outros três quilômetros e encontramos mais um tesouro encravado na serra: O Oratório do Anjo da Guarda. Guardião de todos e também dos viajantes que cruzam aquelas plagas, está sempre de portas abertas para receber o devoto em sua jornada.
Ainda que nossa visita tenha sido num dia de semana e o lugar ser longe da civilização, a pequena capela estava repleta de velas acesas, exarando um clima de meditação que só ajuda em nossas viagens.
Finalmente, depois de rodados cerca de dezesseis quilômetros desde o início, chegávamos no trecho intocado da Graciosa.
Remanescente dos primeiros dias da trilha original, esses últimos quatro quilômetros foram os melhores ao nosso ponto de vista.
Longe do asfalto, o trecho ainda permanece como uma trilha onde mal a um carro de cada vez; onde o piso intercala pedras e terra; onde se vê apenas uma ou duas propriedades rural; e onde a natureza pulula a cada metro percorrido.
O estreito e curto trecho é quase todo inserido na natureza, posto que as copas das árvores acabam fazendo um teto sobre a trilha, mantendo o lugar constantemente úmido, máxime como naquela manhã ainda chuvosa.
Cruzamos avidamente o percurso disputando as várias poças d´água que inauguraram a “sujidade” de nosso veículo. Em pouco tempo e já todo enlameado, chegamos no trecho tradicional da Graciosa e fomos fazer nossa primeira parada no Recanto Lacerda.
VÍDEO
NA GRACIOSA ORIGINAL
Agora que já estamos no trecho tradicional da Estrada da Graciosa, bom saber que ao longo da rodovia, entre o Portal da Graciosa e as proximidades do Rio São João, são sete os recantos destinados a higiene, áreas de lazer e de alimentação de usuários, e servem também como magníficos mirantes.
O primeiro foi onde paramos: Recanto Lacerda. Depois seguem os “Rio Cascata, Grota Funda, Bela Vista, Curva da Ferradura, Mãe Catira e São João da Graciosa”.
CURTINDO A GRACIOSA
A partir dessa parada seguimos nossa jornada até Antonina, apenas aproveitando a vista e curtindo a estrada, principalmente pelo sossego daquele dia de semana.
Descemos sem pressa, ora sob garoa fina, ora sob solzinho tímido, mas em pouco tempo estávamos na bifurcação que nos levaria até Antonina, embora não fosse o nosso destino daquele dia.
CUIDADOS
Quem nunca transitou para Estrada da Graciosa, bom saber que a pista é simples, sinuosa e sem acostamento. Que por vezes transitamos sobre asfalto de boa qualidade, outras por paralelepípedos centenários, que tem o velho costume fazer-nos escorregar.
Em nossas idas e vindas, por muitos anos temos trafegado por essa estrada, quase sempre sob chuva fina ou garoa. Nessas oportunidades, não raramente flagramos pequenos e médios acidentes com escorregões e “esfregas” causadas pela sinuosidade e estreiteza da pista, acidentes esses que retém o fluxo e causa demora na viagem.
O acidente acima ocorreu quando estávamos de moto. O motorista nos ultraou e escorregou ao frear na curva, o que fez a caminhonete virar com 5 pessoas dentro. Ninguém se feriu e ajudamos a desembarcar os ageiros para aguardarem socorro.
Regras básicas para trafegar em lugares como esses são: não ultraar os veículos; manter marcha baixa assim como a velocidade; evitar freadas bruscas; manter distância segura dos veículos à frente; e usar sempre do bom senso.
Nem é preciso dizer que especialmente nessa estrada o uso de bebida alcoólica (ou congêneres), ainda em teor permitido, é contraindicado ao extremo. Outros fatores que sempre causam acidentes são o descuido na condução de veículo para olhar as paisagens e as conversas com os demais ageiros.
Para solucionar esses problemas é que existem várias paradas ao longo do percurso, todos com direito a bons estacionamentos, mirantes, etc.
DE MOTO TAMBÉM PODE
Viagens feitas anteriormente por nós, com motocicletas
E tem mais ainda. Se o trajeto pela Graciosa for feito de motocicleta, o cuidado deve ser redobrado. Carros, na maioria das vezes quando escorregam ou batem uns nos outros, costumam permanecer em pé, fato raro em acidentes idênticos com motos.
Escorregões e pequenos contatos quase sempre nos levam ao chão, já que o piso da Graciosa é quase constantemente úmido, graças a vegetação do entorno e, se não cairmos pelo tombo, quase certo escorregaremos ao colocar os pés no chão.
COMO CHEGAR
Para nos aventurarmos na Estrada da Graciosa da forma tradicional, basta seguirmos pela BR-116 (Rodovia Régis Bitencourt) até o km 73 em Campina Grande do Sul, região de Curitiba/PR, e ingressarmos pela PR-410. Em poucos metros veremos o Portal da Graciosa em nossa Frente
De São Paulo, capital, até o Portal da Graciosa, serão aproximadamente 415 km. Já se partirmos de Curitiba, mal rodaremos 38 km.
Para aventureiros de outras localidades é fato que não há crise alguma para chegar, só dirigir nossos veículos para Curitiba que não encontraremos dificuldade alguma.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte – MTB 77539/SP
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