15/02/2020 5t5231
Prudentópolis, uma cidade do Paraná com 80% de sua população de origem ucraniana, sem contar com os descendentes de russos, poloneses e de outras nacionalidades, é a cidade destaque desta edição imperdível do City Tour. Bora lá?
HISTÓRIA
Os primeiros assentamentos na região foram feitos por bandeirantes paulistas por volta de 1865/75, porém, nos últimos anos do século 19 chegaram por lá cerca de 8 mil imigrantes ucranianos, vindos da Галичина/Galícia, que foram se fixando em diversos núcleos.
Essas imigrações sistemáticas duraram até o ano de 1920, sendo que a maioria deles se tornaram pequenos agricultores, pecuaristas e industriais.
A formação da cidade, como município, se deu nos primeiros anos do século 20, já com o nome atual em homenagem ao presidente Prudente de Morais, que governara o país nesse período dos assentamentos.
Geograficamente falando Prudentópolis fica na região central do Paraná, ocupando uma área de 2.236,5km2, sendo a quinta cidade em extensão no estado e mantendo limite direto com Guarapuava, o maior território paranaense.
O tamanho da área de Prudentópolis não é proporcional ao número de habitantes, que hoje aproxima-se de 53mil pessoas, mas em contrapartida a cidade não tem favelas ou habitações precárias, primando pela qualidade de vida de seus moradores.
A arquitetura dos prédios residenciais ainda guardam muito das tradições ucranianas, assim como a maioria de suas igrejas católicas, que apresentam ricas características orientais, com muitas cúpulas enfeitando suas linhas estruturais.
Estima-se que a cidade seja a mais ucraniana do país e, se depender do empenho de seus moradores, que mantém firme as tradições trazidas de seu país de origem, a certeza pode ser absoluta.
Por falar em tradições do leste europeu, o clima e a topografia da cidade contribuem ainda mais para fixação desses descendentes dos primeiros imigrantes na cidade.
São as várias Serras (Esperança, Santa Rita e Barra Grande); são os diversos morros (Morungava, Tombudo e outros), todos com mais de 1200 metros; e são as muitas cachoeiras, que mantém a cidade sob uma temperatura baixa durante o ano todo, bem ao gosto de seus moradores.
UM VÍDEO TOUR PELA CIDADE
As tradições ucranianas também ganham voz na cidade, principalmente nas grandiosas festas realizadas ao longo do ano, trazendo sempre muita gente de fora, ávidas por conhecerem os costumes locais.
O bordado praticado pelos descendentes dos ucranianos tem um simbolismo todo especial, servindo não apenas como objeto de decoração, mas como identidade de culturas, lugares, práticas sociais, etc.
As pêssankas (pysanka) são ovos coloridos inteiramente a mão pelos ucranianos e entregues na época de páscoa com os cumprimentos: “Hréstos Voskrés” (Cristo ressuscitou) e “Voístenu Voskrés” (Em verdade ressuscitou).
Essa arte que vem de milhares de anos, mesmo antes do cristianismo e, evidentemente, com outra simbologia e destinadas às divindades no início da primavera.
As pêssankas são feitas com qualquer tipo de ovo. Antes da “pintura”, que nada tem de comum, pois são feitas com velas, cera de abelha, etc, a gema e a clara são retiradas mediante seringas.
Normalmente insere-se gesso no interior do ovo depois da retirada da clara e da gema, de forma que o presenteado possa guardar a pêssanka por muito tempo.
CULINÁRIA
Kutiá
Já a culinária é surpreendente e agrada muito nosso paladar tupiniquim. Kutiá, Borscht e tantos outros pratos típicos fazem parte do cardápio ucraniano.
No entanto, não espere encontrar na cidade um restaurante realmente típico, que apresente significativa variedade dessas tradições para o seu deleite.
A melhor forma de curtir pratos oficiais por lá são em pequenos redutos de descendentes ucranianos, como aconteceu conosco no Recanto Perehouski, onde a proprietária nos brindou com alguns pratos realmente originais.
CACHOEIRAS
CLIQUE NA FOTO PARA VER AS CACHOEIRAS
A cidade alterna entre dois assuntos principais e não temos como mudar isso: CACHOEIRAS e IGREJAS.
E nem poderia ser diferente, já que estão sobre uma imensa bacia hidrográfica com mais de cem quedas d´água, e 80% da população, de origem ucraniana, não abandonam a fé católica.
O assunto cachoeiras é tão importante para a cidade que tomamos a liberdade de publicarmos uma matéria exclusiva sobre o assunto. Para saber mais é só CLICAR AQUI
IGREJAS
CLIQUE NA FOTO PARA VER AS IGREJAS
Esse é o outro tema de extrema importância na cidade, pois conta com mais de uma centena de igrejas espalhadas pelas terras de Prudentópolis.
Da mesma forma e para melhor abordar o assunto, também fizemos matéria especial só sobre esses templos. Para saber mais é só CLICAR AQUI
RODANDO EM PRUDENTÓPOLIS
A gigantesca dimensão da cidade nos causa um problema sui generis: a distância entre as suas diversas localidades.
Verifica-se, a grosso modo, que Prudentópolis estende-se em linha reta por aproximadamente 120km entre o norte e o sul; e por aproximadamente 40km entre leste e oeste.
Como se percebe, trafegar entre um bairro e outro pode ser considerado uma grande viagem para alguns e, certamente, muitos moradores de lá nunca cruzaram todos esses recantos.
Na semana que estivemos hospedados na cidade conseguimos rodar cerca de 600km com nossa motocicleta, indo e vindo pelas estradinhas (Linhas), ora em busca das cachoeiras gigantes, ora das magníficas igrejas nas longínquas periferias.
Linha Ivaí
Nossa viagem se deu em meados de janeiro deste ano de 2020, certamente com mais conforto que se tivéssemos ido meses atrás. Nesta viagem praticamente estreamos os vários calçamentos das Linhas em direção das cachoeiras, como no caso a Linha Paraná, concluída até o Salto São Sebastião.
Outras, entretanto, tinham seu calçamento em fase de conclusão, como foi o caso até o Salto São João; e outras, ainda, estão sem calçamento, mas com projetos de pavimentação próxima.
Subindo e descendo essas “Linhas”, muitas vezes sinuosas e cheias de aclives e declives, pudemos ver bem de perto parte da história da cidade, desenhada nas formas das habitações, bem como as regulares lavouras e pastos da região, responsável por boa parte da subsistência do município.
Pudemos ingressar e sair livremente dos “Faxinais”, que são sistemas de produção animal e agrícola característicos do Paraná, onde há o uso comum da terra para a produção animal de forma coletiva, com criadouros comunitários, o mesmo critério usado para alguns casos de agricultura.
Com isso podíamos ver, momento a momento, faixas indicativas de início ou fim de um sistema de Faxinal, normalmente com um “mata-burro” cruzando as Linhas da cidade.
Uma família suína eando por aqui; alguns bovinos e equinos ali; e lá íamos nós, em nossa Transalp, curtindo e desviando frequentemente desses animais nas diversas Linhas por onde amos.
Depois de uma semana rodando pela cidade chegou a hora de voltarmos para a nossa São Paulo e, por força do destino, tomamos muita chuva em todo o percurso no estado do Paraná, chuva essa que só deu uma trégua a partir da cidade de Itararé.
COMO CHEGAR
Para o visitante que vem da capital paranaense a distância é de apenas 210km, que pode ser percorrida pela BR-376, até Ponta Grossa, e depois pela BR 373, até Prudentópolis.
Para os visitantes de outras cidades ou estados, consultar um guia para o melhor trajeto é a medida mais acertada, mas segue algumas distâncias aproximadas.
São Paulo – 620km
Florianópolis – 510km
Rio de Janeiro – 1000km
Porto Alegre – 950km
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EDITORIAL
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